Não culpem os trabalhadores

Gestão ruinosa na <i>SPdH</i>

A CT da Sociedade Portuguesa de Handling acusou a administração de praticar uma «gestão ruinosa, com a clara conivência do Governo», salientando que os maus resultados não se devem aos salários dos trabalhadores.

A falta de pessoal e de materiais na SpdH beneficia a concorrência

«Não culpem os vencimentos dos operacionais e não só por estes maus resultados», apelou, num comunicado de segunda-feira, a Comissão de Trabalhadores (CT) da SPdH, salientando que 13 administradores auferem, em média, 7 mil euros mensais, perfazendo gastos de um milhão e 300 mil euros por ano, e 88 elementos do corporate recebem cerca de 300 mil euros por mês, totalizando mais de 4 milhões de euros anuais.
Além destes gastos, a CT da SPdH deu mais exemplos do que considera serem as verdadeiras causas das dificuldades financeiras que vive a empresa, desde actos despesistas da administração à desigualdade de preços, que prejudica a SpdH e favorece a Portway. Estas empresas surgem como concorrentes embora sejam ambas tuteladas pelo Governo PS.
Com seis meses de atraso, a administração emitiu uma circular que fez o refeitório passar a funcionar de acordo com os horários previstos no Acordo de Empresa, deixando de estar em funcionamento, praticamente, 24 horas por dia. A CT perguntou quanto custou «a brilhante ideia» de manter o refeitório com aqueles horários durante tão longo período.
Outra circular do Conselho de Administração, enunciada pela CT, refere-se aos «prémios de excelência», que a organização representativa dos trabalhadores considera tratar-se de um modelo de incentivos que já demonstrou não ter sucesso, mas que representa um gasto considerável para o orçamento da SPdH.

Arruinar para privatizar

Segundo a CT da SPdH, a contínua «gestão ruinosa» da empresa, com a conivência do Governo PS, e também de anteriores governações, tem o propósito de beneficiar a Portway, para tornar mais atractivo o pacote de privatização da ANA.
Com esse objectivo, acusa a CT da SPdH, a Portway tem adoptado politicas de dumping (vender os seus produtos a preços extraordinariamente baixos com o propósito de eliminar a concorrência) prejudicando a SPdH, com a agravante de ambas as empresas serem tuteladas pelo Governo.
Na empresa, vão-se degradando as condições de trabalho com reflexos no serviço prestado, salienta a Comissão de Trabalhadores, revelando benefícios praticados na Portway que não são adoptados na SPdH, e manifestando-se preocupada com o futuro da empresa e dos seus cerca de 3 mil trabalhadores.
Na Portway, «os trabalhadores temporários foram reintegrados no quadro, em 2007», enquanto na SPdH, em Dezembro, a empresa registou «503 atrasos, por falta de pessoal ou de material» e «434 atrasos, por procura de bagagem na TAP». Nos últimos quatro meses, ainda segundo os dados a que a CT teve acesso, houve 1159 atrasos por falta de pessoal ou de material, e «a astronómica quantia de 1696», por procura de bagagem. A CT da SPdH pretende saber quando é que a TAP vai pagar a
devida compensação financeira, «por esta brutalidade de números».
A CT da SPdH já informou os grupos parlamentares sobre a situação na empresa e encaminhou várias queixas à Autoridade para as Condições de Trabalho.
O comunicado recorda que se cumprem hoje dois anos sobre a data de implementação do Goundfource XXI, «que tanto tem prejudicado a empresa». Por isso, a CT considera que a data é «um dia de luto no universo da SPdH».


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